11.27.2004

Meu Encontro com um Nobel

Não, eu não vou falar da Jelineck, a austríaca que ganhou o Nobel de Literatura esse ano: nunca li nada dela, e pelo jeito não vou ler, pois segundo consta, ela escreve em dialeto. E se eu já não me garanto no alemão, que dirá nessa variante... Vou continuar mesmo falando sobre Meus encontros com Saramago. O título ficou assim pomposo porque eu queria impressionar, mas a história é bem simplesinha. E foi assim:

Dessa vez, Saramago estava no no Museu da Imagem e do Som, no Rio para o lançamento de “A Caverna”. E lá fui. Só que então ele já era o Nobel, e claro que então estava a imprensa em peso, auditório lotadíssimo, e eu sem chance nenhuma de repetir a dose com mais meia hora de papo como da última vez: os organizadores eram gente nada fina, e ao me ver com dois livros na mão, uma mullher com cara de muito brava, grunhiu: “Ele está cansado, só vai autografar um livro por pessoa...” Nossa, que meeeeda. Bom, terminou a apresentação, entrei na longa fila para autógrafos. Quando chegou minha vez, eu nervosa, nervosíssima frente à meu ídolo, comecei com uma frase estúpida e ensaiada assim: “Acho que o senhor não vai se lembrar de mim...” e ele, com cara de quem se lembrava mesmo: "Mas é claro que me lembro..." No meu diário á época, registrei assim:

Rio, quero dizer, Niterói, 08 de dezembro de 2000. Ontem, cheguei em casa feliz, feliz. Falei com Saramago. Acredita que ele lembrou de mim? Pois lembrou. Ele se levantou, tomou o meu braço, e perguntou: “Então, como vai a vida?” Eu, pateticamente respondo que tudo bem. Eu me odeio, mas eu me amo."
Saí de lá com mais autógrafos, e um belo sorriso. E isso foi tudo.

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Mas no meu tesouro pessoal do Saramago, além dos autógrafos e do valiosíssimo endereço, tem também uma carta que recebi quando me casei, e que me deixou muito feliz – e orgulhosa também. A história é assim: Logo depois do meu casamento, fiz um daqueles cartões de participação com fotos da cerimônia, e enviei para ele junto com uma cartinha de que não me lembro do texto exato, mas era mais ou menos assim :


“Querido José Saramago,

Como além de ser sua fã, o considero também meu amigo, estou escrevendo essa carta para lhe dizer do meu casamento. Desejo a você toda a felicidade que eu mesma sinto agora.
Com carinho,
Felicia Luisa”

E aí, como resposta recebi a cartinha abaixo:


Cartinha do Saramago
Originally uploaded by FeliciaLuisa.

Só para deixar claro: tenho que confessar que o motivo pelo qual eu estava no Largo de São Francisco era por causa do Saramago mesmo, e não pelo ato do MST. É claro que ele não teria condições de saber disso, né?
E por enquanto, chega de tietagem....

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