9.29.2004

Entao

Hoje é meu aniversário. Nasci na primavera. Por aqui insistem em dizer que é outono. Ontem aconteceu a íncrivel história do dia em que a televisao precisou sair furtivamente de casa. Estamos sem acesso a internet até o proximo mês. Fomos castigados por excesso de downloads. O tricô vai bem e o livro segue cada vez melhor. Eu passei só para dizer que até outubro, nao venho.

9.26.2004

Receita de Tricô

Em homenagem ao Rafael Galvão, e a Grazi do Biscoito Doce, vou colocar no ar uma receita de tricô tipo “vem ni mim que eu sô facinha”. Dá prá ler e tricotar ao mesmo tempo, porque o ponto é sempre o mesmo, não exige grandes doses de concentração (o tricô, não o livro, he, he). Daí as tricoteiras mais experientes (hmmm) como essa que vos escreve (hmmm )podem tranquilamente manter as mãos no tricô e a cabeça no livro. É assim, ó:

PULL PINK EM CORDÕES DE TRICÔ – Tamanho 42/44

Material : 10 novelos qsuco (1326) –(mas estou usando a Pingouin Família mesclada n. 2033, que é linda de morrer. Tb já fiz uma cor de vinho, que ficou o máximo); agulha para tricô n° 4.
Pontos Empregados:
Ponto tricô: tricotar todas as carreiras em meia.
Amostra: um quadrado de 10cm em p. tricô nas ag. N° 4= 20p. x 38 carr.

MODO DE FAZER:
A blusa é trabalhada numa só peça começada pela manga. Montar 48p. nas ag. n°. 4 e tric. em p. tricô. Aum. de cada lado a cada 6 carr.: (ATENÇÃO, ACONSELHO VOCÊ A DEIXAR O LIVRO UM POUQUINHO, AQUI É PRECISO MAIS CONCENTRACÃO PARA NÃO PERDER AS CONTAS), repito, aum. de cada lado, a cada 6 carr.: 1p. (16v.), cada 8 carr.: 1p. (8v.) e 68 p. (PODE CONTINUAR O LIVRO, E TRICOTAR COM O PILOTO AUTOMÁTICO LIGADO). A 52 cm do começo, para a gola, dividir o trabalho ao meio. Ao mesmo tempo aum. no lado da divisão 20 p. e trabalhar cada lado separadamente. A 72 cm. do começo, rematar no centro do trabalho os 20 p. aum. Ao mesmo tempo, unir as duas partes e continuar em p. tricô. (VOLTE A SE CONCENTRAR NO TRICÔ, PRESTE ATENÇÃO NAS DIMINUIÇÕES). A 83 cm do começo, dim. de cada lado cada 8 carr.: 68 p. e 1 p. (8v.) e cada 8 carr:: 1 p. (16v.). A 135 cm do começo, rem.
Modo de armar:
Costurar as laterais da gola. Fechar os lados e as mangas. Prontinho.

O QUE ESTOU LENDO

Comecei hoje o "Terra Nostra" livro do Carlos Fuentes. Trouxe do Brasil em fevereiro, mas fui adiando a leitura, priorizando o alemão e deixando o pobrezinho de lado. Agora resolvi dar a atenção merecida para os meus livrinhos. E ainda dá prá fazer tricô ao mesmo tempo! Ler é ou não é a melhor coisa?





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9.24.2004

VIDA DE IMIGRANTE

Copiei o post abaixo da Maria, lá do simpaticíssimo Montanha Russa.
É um texto do antropólogo Roberto da Matta, publicado no Estadão de 15 de setembro de 2004. Trata da questão do imigrante e (algumas de) suas crises e reflexões:


QUANTAS VEZES MORREMOS NESTA VIDA?

Nascemos e morremos quando viajamos. O velho ditado francês que declara “partir (ou despedir-se) é morrer um pouco” não pode ser mais claro ou verdadeiro, pois todo viajante divide-se, reparte-se, multiplica-se e, quase sempre, dispersa-se, “diasporiza-se” em múltiplos pedaços. Pulveriza-se em memórias, saudades e vidas, cada qual sob o controle daqueles que deixou no seu porto de adeus.

Cada viagem sinaliza uma nova etapa, uma declaração de independência, um gesto de revolta, um rasgo corajoso de esperança, um dispendioso desabafo, um ato de rejeição, um tiro no escuro, um rito de passagem. Foi assim quando fui complementar minha educação universitária em Harvard, nos Estados Unidos; foi também assim quando saí de uma Niterói luminosa, marcada por animadas discussões intelectuais, cujo objetivo era “acabar com o subdesenvolvimento” e segui para o interior do Brasil para viver comos índios. E tem sido assim depois que retornei aos Estados Unidos como professor e fiquei numa gangorra cultural, morando entre dois países e experimentando, como membro de uma cultura, os valores de outra sociedade.

Para cada uma dessas partições há um preço. O viajante é um peregrino. Mas o viajante que estaciona e, desfazendo armas e bagagens, integra-se num lugar, torna-se um marginal. E aquele que se associa formalmente a uma instituição – uma companhia, firma ou universidade – vira expatriado. Reparte-se inevitavelmente, criando uma vida concreta onde chegou e uma outra no lugar de origem.

Uma coisa é viajar motivado pelo retorno, como acontece nos cruzeiros turísticos e nas viagens de estudo ou trabalho. Outra coisa é viajar para ficar, tornando-se residente num lugar onde não se nasceu e onde toda a realidade, da comida aos modos de falar, comprar, pedir, rezar e relacionar são diferentes, têm de ser aprendidos e chegam de fora para dentro.

O primeiro tipo de viagem inventa o turista engarrafado numa bolha. O segundo agencia o viajante que experimenta a morte e a divisão de sua vida de modo abrupto ou gradual. A prova cabal de que morreu ou virou fantasma é quando ouve seu nome falado em outra língua. Meu nome sempre foi Roberto, mas aqui nos Estados Unidos virou Hobero. No início tudo é mais ou menos diferente, depois a vida se rotiniza e o estranho transforma-se em aceitável e até mesmo em familiar. Quem diria que eu ia me deleitar com cachorros quentes e com “almoços de negócios ou conferências”, as tais brown bag talks, embora deva dizer que a tal de root beer é ainda remédio para mim.

Qualquer que seja o gosto da rotina, porém, o fato é que é impossível viver e trabalhar num lugar, criando simpatias e antipatias, descobrindo prazeres e sofrimentos, sem ter com esse espaço uma história de sentimentos e relações. Sem se sentir saudoso de alguns de seus nichos, comidas, pessoas.

Minha experiência americana me tornou um expatriado e, ao mesmo tempo, um fervoroso brasileiro. Tanto que voltei ao Brasil só para descobrir, neste breve retorno que agora faço a Notre Dame, quanto eu me liguei a este lugar e às suas coisas. Quanto eu fui tocado por suas árvores bem cuidadas, por suas alamedas emolduradas de grama, pelo cheiro de incenso de suas missas, pelo silêncio quase sepulcral de duas noites, pelas tempestades que chegam rápidas e violentas e vão embora com amesma velocidade, pelo gosto saboroso de seus vegetais, pela civilidade com a qual seus cidadãos dirigem seus carros, pela sincera cordialidade dos meus colegas.

Quando se fica entre dois mundos, morre-se muitas vezes. Tantas são as passagens de um lugar a outro. E, quando se descobre que o “entre” também tem o seu lado negativo, revelando as perdas, contabilizando as divisões, assinalando as repartições, indiciando pelos lutos mal feitos e por muita saudades. Saudade de um lado e saudade do outro; e uma saudade nova, excepcional e inusitada do interstício, da passagem, do meio-termo.

As do Brasil são de gente e de comidas. Cheguei faz uma semana e já sinto falta de um prato de carne-seca frita com cebola, isso para não falar da imensa saudade dos meus netinhos e de tudo que vem com eles. As dos Estados Unidos são da vida que aqui deixei. Pois cada paisagem desta universidade também guarda uma parte de minha vida. Moldura terna e amorosa de um passado que não se deixa enterrar. As do miolo são as de uma liberdade um tanto onipotente, aquela que acena com a promessa de ter o melhor dos dois.

São esses sentimentos contraditórios de vida e morte,de liberdade extremada e de perda que eu tenho experimentado nesta visita. É quando vejo que o pertencer é sempre relativo. Que a terra natal – a pátria ou a mátria, comodizia o padre Antônio Vieira – exige uma constante celebração de ritos patrióticos em que reafirmamos o nosso gosto de a ela pertencer, porque – quem sabe? – somos também seres de um mundo sem fronteiras. É pelo menos isso que ocorre quando morremos e deixamos de pertencer a nós mesmos.
Escrito pelo antropólogo Roberto da Matta (publicado no Estadão, dia 15 de setembro de 2004 - gentileza da Leila e do Ricardo)
Escrito por Maria às 03:12 PM | Mais: Vida de imigrante | Comente! (4)

Minhas plantas

Sempre tive o hábito de dar nomes às minhas plantas. Me lembro ainda com saudades da Maria Bethânia, uma samambaia linda que tive. Tive também outra samambaia, com o nome de Thomás em homenagem a um amigo e o cabelo que ele usava na época. (Aliás, encontrei o Thomas numa festa em Santa Teresa, e ele está meio calvo agora. Mas continua bonito.) E além de Bethânia e Thomás, tive a Nana, que eu não sei que espécie de planta era. E muitos outros. Minhas plantas ficaram com minha mae quando me mudei para o Rio. Que bom para elas - ambas, porque minha mae tambem adora plantas.

Me lembro especialmente de um cactus, chamado Astor Piazzolla. Sempre adorei cactus, - já comecei minha coleçãozinha aqui, mas enquanto estive no Brasil, três deles morreram, uma pena - e tinha um carinho especial pelo Astor. Uma vez, quando eu ainda morava em Volta Redonda, fui acampar em Visconde de Mauá. Notei que meu cactus estava assim meio tristinho, na verdade, murchando, talvez por excesso de água. Quando voltei de Mauá, minha mãe comentou comigo sobre a morte do Astor, o Piazzolla humano. Fiquei desolada, porque adorava os tangos dele. Na mesma semana, Astor, meu cactus, tambem morreu.

É da vida.

Eu, se pudesse escolher, seria vizinha do José Saramago. Mas Deus não me deu essa graça , e assim sendo, vim morar em Graz, onde sou, digamos assim, “vizinha” do Arnold Schwarzenegger, já que ele nasceu e morou durante anos aqui pertinho.
Não sei se vocês sabiam, mas ele é um exemplo de sucesso para o povo daqui. Me lembro da Gabi, professora do curso de alemão. Cada um de nós precisava citar alguém a quem admiramos e o porque dessa admiração. A professora disse:”Um exemplo para mim é o Schwarzenegger; ele que não se contentou em ser pequeno, mas se preparou (?) até conseguir ser governador da Califórnia…” Ui, eu hein, tem gosto pra tudo.

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Hoje é aniversário da festeira, festiva e minha querida prima, a DIDA. Parabéns pra ela, que ela merece!!!
Ontem, pelas bandas de cá, à essa hora, tínhamos cerca de 21°C. Hoje, a temperatura ainda não passou dos 11°C. O dia amanheceu com aquelas nuvens cor de chumbo que me deixam triste, só por pensar que o sol não deve aparecer pelos próximos meses.
Ontem também, amanheci com espírito de Amélia e fui limpar as janelas, que aliás, já estavam para lá de precisadas. Bem que o bonitão avisou que lá vinha chuva. Adeus, cucuia pro meu trabalho, que a chuva veio e manchou tudo de novo. Ah, e tem mais: pra reforçar minha porção Amélia, também resolvi estrear a máquina de costura, e fui fazer bainha numa cortina, que estava há anos encostada lá no armário. A intenção era justamente bloquear um pouco o sol que batia diretamente no rosto de quem se senta frente ao outro computador…Sol, mas que sol??

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Hoje abri minha caixa de mails e tinha uma mensagem, que minha irmazinha mandou. Resolvi copiar (daqui ó): Viva cada Dia

E eu amo minha irmazinha.

9.21.2004

EU PRECISO DIZER QUE TE AMO!

MAMÃEZINHA, EU TE AMO TANTO, TANTO, TANTO, LÁ DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO!!!!

9.20.2004

Ê mundão bonito!!!



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9.16.2004

Morar no exterior

Morar na Áustria. Viver na Áustria. Estar num outro país. Ser imigrante. Ser estrangeiro. Perder a identidade. Buscar a identidade. Perder raízes. Criar raízes. Se adaptar ? Ou se integrar? Ou se mudar? Como se virar?

9.15.2004

Saco!

Puxa vida, que trágico é esse sentimento que de mim se apossou. Gente, tô me sentindo uma eme.Tá certo, vou me arrepender por ter escrito isso aqui, mas que droga, aliás, é MAIS que uma droga, é uma eme, eu já nao disse? Parece tpm elevada a doses maxima. Entao, resultado: preciso desabafar com meus tres fiéis leitores. Agora ja disse. Pronto. Entao, tá. O que eu escrevi se apagou enquanto fui no outro PC, o outro PC me informou que a sessao expirou, e eu tô achando que é melhor eu ficar quietinha embaixo das cobertas hoje, pois QUE DROGA. Dia feiao, computador feiao sem til e cedilha, donadoblog feiona, vida feiona. Tudo é feiao, e essa que vos escreve acima de tudo.
Ta bom, estou um nojo. Entao vou te contar o que li: terminei ontem a "Saga do Marrano", de Marcos Aguinis. Persegui esse livro um tempao, até encontrá-lo pertinho, em Volta Redonda (ou longinho, dependendo do ponto de vista, ás vezes esqueco que estou do outro lado do oceano. Marrano é um termo especialmente depreciativo, usado contra os judeus perseguidos pela inquisicao. O livro fala sobre a trajetoria de um deles, Francisco Maldonado, sua vida e de sua familia, a perseguicao á sua crenca, as humilhacoes, o processo do Santo Ofício, sua condenacao e o modo como Francisco defendeu sua fé. Se gostei do livro? Confesso que minha expectativa era maior, a crítica fez um comentario maravilhoso na época de seu lancamento no Brasil, e eu o imaginei "diferente", o que nao quer dizer ruim. Entao, a quem quiser saber um pouco mais sobre a historia judaica, eu recomento. Comecei hoje a ler "As Mil e um Noites". É um clássico da literatura, e todo mundo ja deve ter ouvido algum comentario. Estou me deliciando. E de livro pro tchau: Pronto, que bom foi escrever um pouquinho, passou a sensacao sacal e deu uma forca pro Calmapax + Passiflora que eu havia tomado. Entao, tchau!
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Ta, vou dar um tchau definitivo, mas antes deixa eu comentar: estou assistindo Real Madrid 0 x 1 Leverkusen. Caraca, gente, Real esta decepcionante. Um time tao repleto de estrelas como Figo, Zidane, Ronaldinho, Beeckham (é assim que se escreve?) e Roberto Carlos, só para citar os mais conhecidos, chutou só umas duas vezes a gol. Tá, o Leverkurkusen nao é assim la uma merdinha, mas em linguagem para neófitos, eu diria que é quase um Beatles x Menudos, sabe como? Ih, mandei mal, digamos assim algo como um Beatles x Paralamas, voces estao me entendendo? Ah, ta bom; sei que voces me entenderam, está no intervalo, deixa eu voltar pro meu tricô e me ajeitar no sofá. Definitivamente por hoje, tchau.

9.13.2004

De volta

Me pergunto como é que tem gente que consegue postar, trabalhar, estudar e ainda fazer tricô (a Grazi do BiscoitoDoce
faz). Tem gente que vive na frente desse tal de computador e ainda arruma tempo para outras coisas. Tenho que dizer que isso me deslumbra...
Entao, voltei. Estou em Graz. Consegui a prorrogacao da licenca por mais um ano. Fiquei no Brasil por mais de dois meses. Meu pai faleceu no dia cinco de agosto. Minha sobrinha Ana Carolina completou um aninho. Meu sobrinho Jean Emanuel completou cinco meses. Ainda nao faz uma semana que voltei a Graz. Tenho vontade de voltar para Volta Redonda. Amanha tenho um Probetag na Libro. Hoje fiz inscricao na Uni para um novo semestre. Dessa vez, esta sendo dificil superar a sensacao de tristeza, de saudade da mae, das criancas, da Nanda, da familia toda.
Nao sei como vai ser manter o blog, mas quero dizer que tambem estou fazendo trico. E tenho dito.
 
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