12.18.2004

Diferenças Entre Brasil e Áustria?

O assunto já está meio velho, mas ainda provoca discussões acaloradas. No últmo Pisa-Studie – avaliação de ensino feita entre estudantes de 13/16 anos – referente aos anos 2000/2003, a Áustria teve um desempenho desastroso: de 8°, passou para o 20° lugar. A pior qualificação veio em Matemática, seguida de Ciências e por último, compreensão oral e escrita da língua. Os alunos foram qualificados de analfabetos funcionais – gente que lê e escreve, mas não tem noção do que leu ou escreveu.
Em tempo: os melhores resultados ficaram com Finlândia, Japão e Coreia, sucessivamente. Em 2000, a ordem da lista era Finlandia, Japão e Coreia.
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O marido austríaco de uma amiga foi à São Paulo. Em uma churrascaria, descobriu o sistema de placas verdes e vermelhas (quero mais comida/ dispenso mais comida - se é que entendi, não sou versada em churrascarias !). Ficou absurdamente chocado ao descobrir o funcionamento: o cliente prova um pedaço da carne, não gostou, deixa de lado, pede mais uma picanha, não gostou deixa de lado, prova um pedaço de frango, deixa de lado, pede mais não sei que, não gostou, deixa de lado, etc, etc.
-„O que é feito da comida que as pessoas deixam de lado?“, pergunta ele.
-„Ora, o restaurante joga fora“, responde alguém.
Comida, aqui na Áustria, é coisa sagrada, principalmente entre a população mais idosa. Mesmo as pessoas da nova geração refletem esse comportamento: gente que viveu nos tempos da guerra, sem ter o que comer, sabe bem o valor de uma refeição, e ensina isso aos filhos.
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Houve uma época em que eu estava viciada em salada de trigo. Minha mãe apelidou de comida de passarinho, e dizia:
-“Se você continuar comendo pouco assim, seu estômago vai acabar diminuindo, você não vai mais conseguir comer direito...“
Não conheço nada que dê embasamento científico, mas mãe é mãe, né:), acho que ela acertou: não consigo comer muito, ainda que eu gostasse (e eu gosto), meu estômago simplesmente não aceita. Então, encarar menus como os que são servidos aqui, é um pouco demais para mim.
Certa vez, logo depois de minhamudança, cometi o pecado de pedir o menu, ignorando o que havia incluído: sopa, salada, um prato a base de ovos e carne salgada, um outro prato que não me lembro e de sobremesa, Strüdel. É claro que ao fim da sopa já pedi para jogar a toalha. A dona do restaurante me olhou chocada e balançou a cabeça, repreensivamente. O bonitão tentou me salvar, comeu minha porção além da dele, explicou para a dona que eu era brasileira, ainda não acostumada com a comida, etc, etc. Mas aos olhos dela eu era a DESPERDIÇADEIRA.
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Aqui há uma loja de origem sueca chamada IKEA, o jardim de infância dos adultos. A Maria do Montanha Russa escreveu um post falando justamente falando sobre essa loja, e o título é um dia na Disneylândia sueca. É o paraíso do consumo, e eu confesso que adoro ir lá. Um passeio no IKEA aos sábados , aqui em Graz, convence você – brasileiro inexperiente - de que a população austríaca não tem móveis em casa. As filas são imensas, os preços convidativos, e o design costuma ser muito original. Talvez ppor isso, sem exagero, as pessoas trocam de móveis praticamente a cada ano. Móveis NOVOS são trocados, eu quis dizer, a tal ponto que é comum virem pessoas mais pobres dos países vizinhos recolher e revender em seus países.
O bonitão mesmo tinha um guarda-roupas lindo. De madeira clara, pertenceu ao avô dele, mas ainda estava novinho, novinho. Trocou por outro do IKEA. Eu furiosa, fiquei pensando: „Que DESPERDIÇADOR.“
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Quantas diferenças, não...?
 
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