10.01.2004

Lembranças

Sempre me julguei uma mulher inteligente. Sempre fui uma mulher sem direção. Sempre fui uma mulher sem senso prático de direção. Por mais de uma vez, eu fui caminhar em Ipanema na direção do Leblon, e quando menos esperava, estava chegando em Copacabana. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.
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Quando eu era criança, queria ser hippie. Não sabia muito bem o que eram aqueles caras cabeludos, mas intuia que tinha algo a ver com a liberdade. Já na adolescência, fiquei dividida entre o socialismo, que acabou me ganhando, e esse mesmo mundo hippie. Apesar das evidências contrárias, não fui da esquerda festiva, como diziámos na época (puxa, como estou velha!), mas uma militante até bem orotdoxa de tendência trotsquista. Fui expulsa do PT nem sei mais em que ano, aliás, eu e toda a CS. Esta semana, tive saudades desse tempo, tantas coisas me vieram à lembrança: Eu morava com uns amigos: A Cláudia Simone, A Andréia e o Marcos Aurélio. Me lembro dele, dizendo: “- Antes de abrir a porta, só pelo som, eu já sei quem está em casa: Se estiver tocando Mercedes Sosa é a Felicia, se for Maria Bethânia é a Cláudia, se for o Djavan, é a Andréia.” E ele gostava de Clube da Esquina e Pink Floyd. Nossa, gente, nesse tempo ainda nem existia cd…Pois é, há anos não escutava a Mercedes Sosa, que voz linda que essa mulher tem! Peguei meu LP mais querido, não resisto e vou escrever para voces o que ela canta, na canção que adotei como sendo minha:

FUEGO EN ANYMANA

Dicen que yo, de solo estar
Fui apagandome
Como la luz lenta y azul
De un atardecer.
Piensan que estoy secando el sol
De la soledad
Que por estar en mi raiz
Ya no crezco mas.
Es que yo soy, esa que soy,
La misma nomas,
Mujer que va buscandose
En la eternidad.
Si es por saber de donde soy,
Soy de anymana.
Sepan los que no han sabido
Que no estoy de solo estar,
Que estoy parada en el grito
Bagualero del pujay.
Si yo me voy, conmigo ira
Todo lo que soy.
Lejos de mi, lejos de aqui,
Yo no sere yo.
Dejenme estar, de solo estar,
Viendo el sol volver.
Yo quiero ver en mi pais
El amanecer.
Soy pa' durar, como el maiz,
Simple y cereal.
Soy pa' durar, porque yo se
Pasar y pisar.
Si es por saber de donde soy
Soy de anymana.

Até hoje não sei o que é ser de anymana, mas que eu sou essa que sou, a mesma e não mais, mulher que vai buscando-se na eternidade, ah, essa sou eu mesma.

No meu aniversário, pensei tanto na minha mãe e no meu pai. E chorei.
O que é um blog? Querido diário, estou deprimida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, interessante s/post hoje mas longo, voltarei com mais tempo para terminar de ler. Agora vai começar meu filme: Chocolat BYBYBY Wilma wile@uol.com.br

Felicia disse...

É Wilma, o post foi meio longo mesmo, mas às vezes é tão difícil parar de escrever!!!Desejo um bom filme e um ótimo domingo pra você.
Beijos,

 
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