10.23.2004

Castelos e viagens

Hoje vim ao Schloß Seggau – Schloßs quer dizer castelo. É daqui que escrevo enquanto ouço o coro ensaiando. Pena que eu tenha esquecido a máquina fotográfica: adoro os castelos, e minha imaginação voa quando visito um.

Existe uma diferença entre o que se chama aqui Schloß e Burg. Este último era projetado como uma fortificação para a defesa da cidades aos ataques dos possíveis invasores. Normalmente têm também armas como canhões, ou aqueles postos de observação de que eu não sei o nome; provavelmente se chamam postos de observação mesmo. Mas para mim, tudo é castelo, com direito a história de príncipe e princesa. E claro, sapo também.

Lembro com prazer dos contos de fadas, Cinderela, Branca de Neve, Rapunzel. Fico imaginando onde poderia ser a sala de refeições, imagino os copeiros e serviçais desfilando com a prataria, os grandes salões de baile, a sala de armas, os vestidos das princesas e suas aias, o espaço destinado aos cavaleiros e seus cavalos, a sala onde onde o rei despachava com os ministros e dava ordens aos súditos.
E quando abandono esse terreno da imaginação, logo me assaltam outras perguntas e fantasias, outras surpresas e admiração.

Por exemplo, o portão do Castelo de Seggau é, por si só, motivo para me deixar “cismando”. Na grossa madeira alguém gravou a data rusticamente: 1543.
Fico imaginado quem foi essa pessoa - provavelmente um homem – que esteve aqui há tanto tempo antes de mim. Possivelmente, alguém que trabalhou arduamente na construção do castelo, carregando as enormes pedras, forjando o aço, trabalhando a madeira até deixá-la na medida exata, engastando os parafusos, afixando o portão. Suponho que esse trabalhador gravou a data do fim do trabalho. Mas tudo é só suposição e quase tudo é fantasia. Apenas o ano está ali, riscado na madeira.

O castelo Seggau é de facílimo acesso, fica em Leibinitz, não mais que a 30 minutos de Graz. Ali, na cidade, também conheço as ruínas de um Burg, em Gösting. Fica no fim de uma subida muito íngreme, e depois de certa altura, o acesso só é possível a pé. Aí também fico me perguntando sobre como era a vida das pessoas há 500 anos atrás. Como os cavaleiros se deslocavam em caminhos tão íngremes? E como levavam os víveres até lá em cima? E o transporte das armas, da pólvora? Tudo é motivo de indagação. Gosto de ficar concebendo essas fantasias, apesar de saber que as respostas provavelmente serão práticas e funcionais. Taí o tipo de viagem que me agrada… não extrapola orçamentos e a gente vai onde quer.

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