10.27.2004

Latim, Falação e Notícias Sobre uma Curta Visita à Itália

Hoje teve aula de latim. Cheguei tarde e saí cedo. Como é muito desagradável chegar atrasada e incomodar a professora e os colegas, eu, que sou uma libriana muito ciosa do modo elegante do ser e por isso mesmo muito metida a besta, fiquei sentada na penúltima fileira. Bem na frente de um povim que só fez fofocar a aula inteira. E daí? Uai, daí que eu não consigo me concentrar nem em português com cinco pessoas falando ao mesmo tempo, quem dirá em alemão?! Si ferrei. Então, foi com essa já declarada e notável elegância que me ergui do meu assento e abandonei a aula pelo meio. Vim pra casa, contar pra vocês como foi a visita à Itália.


Sobre uma Curta Visita à Itália


É incrível como a paisagem muda em tão pouco tempo de viagem, entre um lado e outro dos Alpes. Do lado austríaco, o outono está um escândalo de multicor: As árvores tem folhas que vão do mais opaco amarelo até o vermelho vibrante, mesclado com diferentes tons de verde, laranja e dourado. Cor de incêndio. O tom seguinte será o marrom: com a proximidade do frio intenso, as árvores vão ficando cada vez mais secas e nuas. Depois se cobrem de neve, e esse espetáculo de cores só volta com a primavera. Só para continuar um pouco pernóstica, eu diria que são os últimos estertores do Outono antes do frio abissal, mas vou poupar vocês, tá? Por enquanto, digamos que até Outubro, as cores do”nosso” Outono estão mais vibrantes que as do lado italiano: por lá, a natureza ainda trabalha nas variações de verde.

Chegamos em Vicenza por volta de uma hora da tarde, e nosso destino era o centro histórico, a parte antiga da cidade. O almoço – massa – foi bom, mas o que me chamou a atenção enquanto comíamos foram os mendigos que vieram até nossa mesa. Na Áustria, temos mendigos também. A diferença é que –pelo menos em Graz - eles sentam defronte às igrejas ou nas ruas de grande movimento e se limitam a estender a mão, pedindo ajuda aos passantes. Na Itália, os mendigos agem como os colegas brasileiros: vão até as mesas e pedem ajuda às pessoas. Meu pensamento foi o título de uma reportagem que li, sobre a União Europeia. Pensei: “Para onde vai a Europa?” Parece que a miséria vem caminhando em passos cada vez mais largos.

De barriga cheia, toca a procurar hotel. No caminho até o centro de informações turísticas, achei estranho ver tanta gente nas ruas. Mesmo sendo domingo e Itália. Listinha na mão, vamos ao primeiro hotel: €55, sem café da manhã. Eu, por mim, ficava aí mesmo, mas como fazia o tipo quase espelunca, o bonitão não quis. Toca pro 2° hotel; lotado. No caminho pro 3° hotel - € 95; muito caro – vi que tinha gente nas ruas que não se acabava mais. Vamos ao 4° hotel, mais caro ainda. Deve ter uma festa na cidade, nunca vi tanta gente. Não tem mais hotel no centro (?), resolvemos então procurar a casa de uma senhora que aluga quartos. €45. Eu, que alem de pobre sou pão-dura, ficava aí. Mas era outro do tipo quase espelunca. Então, vocês já sabem, o bonitão não quis.
-Vamos voltar pro 1°hotel, sugeri.
-Prá espelunca? De jeito nehum. Vamos para o 3° hotel.

Meia hora de discussão depois, deixo ele vencer. Só pensei cá comigo: “Uai, tá bom, num sô eu que tô pagando mesmo, vambora.” Enfim, fomos pro 3° hotel. Nisso, já são mais de seis horas da tarde, e a rua é um formigueiro de gente. Lugar pra estacionar o carro, só por milagre; as ruas estão com trajeto invertido e eu, com as pernas moídas de tanto andar de um hotel até outro. Vai daí que o bonitão deu piti e desiste de ficar em Vicenza:
-“Bist du böse wenn wir nach Bassano fahren?, quer dizer, “Cê vai ficar pê da vida se a gente for até Bassano?
Eu não. Não mesmo. Eu só estava era muuuuuito cansada.
E foi assim que fomos até Bassano, depois de ficarmos o dia todo, hmm, passeando no centro histórico de Vicenza. Pelo menos, agora conheço tudinho como a palma da minha mão. O porquê tinha de tanta gente na rua eu ainda não sei. Vou pesquisar no Google para descobrir.
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E o resto da história e como é Bassano, só conto amanhã. Como diria a Emília, quem quiser que conte outra.

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